O que são resíduos industriais e comerciais?
De forma genérica, resíduos industriais e comerciais são todos aqueles que não são urbanos, ou seja, que não são produzidos nas nossas casas, nos cafés, nos restaurantes. Podem ter diversas proveniências: indústrias, empresas de serviços, centros comerciais, hipermercados... e normalmente separaram-se em perigosos e não perigosos.
Alguns exemplos de perigosos podem ser as embalagens contaminadas, restos de tinta, restos de colas. Nos não perigosos geralmente temos tudo que é cartão, plásticos, metais e, claro, alguns resíduos mais específicos de cada área de negócio.
O que fazer com tantas tipologias de resíduos? Esse é um grande desafio que temos. Na Veolia Portugal gerimos quase 900 tipologias diferentes de resíduos, o que só por si já é uma tarefa hercúlea que temos de assegurar: desde o acondicionamento na casa do cliente à forma como transportamos os resíduos, geri-los nas nossas instalações para garantir que têm o melhor destino possível e a melhor solução que nós podemos encontrar para cada uma dessas tipologias.
Quais são os principais desafios na valorização destes resíduos?
O primeiro é sem dúvida a segregação na origem, que é um desafio que começa logo na casa do cliente. Porquê? Porque a presença de contaminantes nos resíduos pode inviabilizar uma solução de valorização.
Depois, o balanço necessário entre a valorização adequada e a sua viabilidade económica, num trabalho de co-construção com o cliente.
E ainda, e cada vez mais, estarmos atentos também ao percurso que esse resíduo tem de percorrer até à solução de valorização, garantindo que a pegada de carbono associada não prejudica o desempenho ambiental do nosso cliente.
Como é que se aumenta a taxa de reciclagem de uma Indústria?
Em primeiro lugar temos de garantir o compromisso do nosso cliente com essa ambição, condição sem a qual não teremos sucesso. Para alcançar esse compromisso o nosso trabalho é de grande proximidade e parceria, evidenciando de que forma as soluções que propomos são ambientalmente favoráveis, mas também de que forma o aumento da taxa de triagem tem um retorno económico significativo e um impacto positivo na reputação.
Quando bem trabalhada, a gestão adequada dos resíduos deixa de representar apenas um custo para a empresa e passa a ser efetivamente um proveito!
E depois, claro, dentro das instalações de cada um dos nossos clientes a aposta constante na formação e sensibilização dos colaboradores que estão na linha da frente dos processos.
Sílvia Abreu
Coordenadora Comercial
Gerimos quase 900 tipologias diferentes de resíduos que só por si é aqui uma tarefa hercúlea.
O que são e como se valorizam os resíduos orgânicos?
Os resíduos orgânicos são resíduos biodegradáveis que podem ser de origem animal ou vegetal e que se degradam num relativo curto espaço de tempo. Podem ser desde a casca da banana que comemos lá em casa até aos subprodutos das indústrias agroalimentares e também dos efluentes resultantes do tratamento das águas residuais a outros processos da própria indústria alimentar.
Os resíduos orgânicos podem ser valorizados através da produção de composto e da produção de energia. Menos comum, mas que também já é uma forma de valorização e já existe na Veolia, é a bioconversão que é a produção de proteína animal através da degradação também de resíduos orgânicos.
A nível mundial já existem muitas soluções Veolia para os resíduos orgânicos. Mais recentemente em Portugal, alinhado com aquela que é a nossa estratégia para o triénio GreenUp 24-27, a Veolia adquiriu a Ambitrevo, que nos vai permitir ter soluções para a gestão dos resíduos orgânicos também em Portugal e alavancar soluções para a produção de energia verde a partir destes resíduos.
A valorização orgânica faz mais sentido para algum setor em particular?
A valorização orgânica faz sentido em todos os setores e atividades a partir do momento em que o ativo comum das empresas são as pessoas, e as pessoas estão constantemente a produzir biorresíduos. Mas se pensarmos na agroindústria ou nas lamas resultantes do tratamento das águas residuais, são sem dúvida atividades ou setores de atividade que neste momento procuram soluções mais sustentáveis para encaminhar os seus resíduos.
Qual o contributo dos resíduos orgânicos para a descarbonização?
Numa primeira instância, ao valorizarmos adequadamente os resíduos orgânicos estamos desde logo a evitar emissões que resultariam da degradação descontrolada da matéria orgânica.
Por outro lado, o processo de compostagem dá origem a um produto de elevado valor, que é o composto, muito importante na regeneração dos solos que são responsáveis por 25% da captação de carbono.
Acresce ainda que o tratamento dos resíduos orgânicos por digestão anaeróbia (na ausência de oxigénio) produz biogás que depois de limpo pode ser elevado a biometano (um gás com propriedades muito semelhantes às do gás natural mas de origem renovável e limpa). E o biometano pode ser muito interessante para empresas que neste momento estejam à procura de soluções de descarbonização mas que não tenham a viabilidade de optar pela eletrificação das suas atividades.
Petra Loureiro
Responsável de Contrato, Veolia Portugal
O biometano pode ser muito interessante para empresas que neste momento estejam à procura de soluções de descarbonização mas que não tenham a viabilidade de optar pela eletrificação das suas atividades.
Que plásticos podem ser reciclados e de onde vêm?
Quase todos os plásticos que contribuem para o nosso bem-estar e para o nosso dia a dia podem ser reciclados.
Desde logo os resíduos de plástico que produzimos no nosso dia a dia e que encaminhamos a partir das nossas casas através dos ecopontos.
À Micronipol chegam principalmente polietilenos (exemplo do simples saco de compras ou de um tubo que temos em casa) e polipropilenos (exemplo do mobiliário de jardim).
E onde encontrar produtos reciclados? Os exemplos são muitos! Podemos falar por exemplo do saco das compras, sacos de lixo, garrafas de PET, embalagens de detergente, frascos de champô, são tantos os exemplos que usamos diariamente e nem damos por isso. Aliás, o próprio balde do lixo é um bom exemplo de um produto que incorpora plástico reciclado!
Quais são os principais desafios na reciclagem de plásticos?
Os principais desafios prendem-se com os resíduos que vêm do setor alimentar. As embalagens onde os alimentos são acondicionados nos supermercados são embalagens multicamada, quer isto dizer que têm vários constituintes. Este tipo de embalagens não são recicláveis e portanto quando chegam às nossas instalações são um contaminante. Mesmo que a olho nú não consigamos perceber isso, algumas vezes estamos a falar de nove camadas diferentes de plástico, que se não forem identificados e segregados, vão contaminar o nosso produto final e criar alguns constrangimentos também ao nível da nossa produção.
O que leva os clientes a procurarem plástico reciclado?
Atualmente os nossos clientes procuram-nos enquanto fornecedores de plástico reciclado porque os próprios clientes procuram produtos que incorporem cada vez mais material reciclado. Há uma consciência cada vez maior do consumidor e portanto ele já procura um produto que seja mais sustentável, que consuma menos recursos, o que cria uma pressão sobre os nossos clientes.
Por outro lado, na verdade hoje já podemos praticamente substituir o plástico virgem por plástico reciclado. E portanto, seja por força da legislação que também obriga aos produtores a fazer incorporação de plástico reciclado, seja por força da pressão da opinião pública, cada vez mais os nossos clientes procuram e mais indústrias procuram a incorporação de reciclados nos seus produtos.
Ana Amorim
Diretora Comercial Micronipol becomes Veolia
Hoje já podemos praticamente substituir o plástico virgem por plástico reciclado. E, portanto, seja por força da legislação que também obriga aos produtores a fazer incorporação de plástico reciclado, seja por força da pressão da opinião pública, cada vez mais os nossos clientes procuram e mais indústrias procuram a incorporação de reciclados nos seus produtos.