Nos últimos meses, chegada a hora de negociar novos contratos de energia, a Indústria foi confrontada com os mais altos preços de energia de que há memória. Esta tendência de preços altos deverá manter-se para além do inverno, mudando radicalmente o anterior paradigma de preços de energia.
As razões que justificam este cenário resumem-se em três motivos principais: a procura crescente de energia (estimada em 30% até 2040), os impactos dos imperativos relacionados com a descarbonização e uma oscilação na oferta. É certo que lhes podemos ainda juntar as atuais pressões de natureza geopolítica e os movimentos especulativos que sempre acontecem nestes momentos de maior tensão e que, mais do que justificar, suportam a ideia de um cenário de alta de preços de energia nos tempos mais próximos. Aliás, basta olharmos para os prognósticos da electricidade e do gás natural: os valores para 2022 quadruplicam os valores médios dos últimos cinco anos e a perspetiva para 2023 não é muito melhor, “apenas” os duplicam.
Não sendo o contexto que a indústria mais desejaria para o arranque deste novo ano, e portanto, mais um tema que vem adensar, entre outros, como a resiliente pandemia, os desafios para os tempos mais próximos, não deixa de nos convocar para o plano das oportunidades.
Na Veolia, acreditamos que a energia deve ser gerida de forma integrada. O que queremos com isso dizer? Que mais do que gerir pontualmente a alta de preços de energia, a solução passa por avançar desde já com ações estruturantes, que permitam uma efetiva redução dos consumos de energia, tornando as indústrias mais capazes de enfrentar os períodos de incerteza de preços de energia e escolhendo definitivamente o caminho de uma efetiva descarbonização.
Nunca é demais recordar o relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) , publicado a 6 de agosto de 2021, que nos deixa sem margens para dúvidas: o clima está a mudar em todo o mundo mais rapidamente do que o esperado. Já não temos escolha, o aumento das temperaturas deve ser limitado a 1,5°C até ao final do século se quisermos cumprir os objetivos do Acordo Climático de Paris e, sobretudo, se não quisermos comprometer o futuro das gerações vindouras.
As boas notícias, que hoje aqui procuramos realçar, é que muitas das soluções para alcançarmos mais eficiência energética na indústrias, mais fontes de energia renovável, melhor armazenamento de energia e reduzir a pegada carbónica já estão disponíveis e representam investimentos cada vez mais acessíveis, assim como estão também disponíveis alguns incentivos ao investimento das indústrias nestas soluções, como o "Sistema de Incentivos Descarbonização da Indústria" publicado muito recentemente no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.
À data em que escrevo este artigo, encontram-se abertos os concursos para “Apoio à elaboração de roteiros de descarbonização da indústria e capacitação das empresas” e para "Apoio à Descarbonização da Indústria", nomeadamente para processos e tecnologias de baixo carbono na indústria; adoção de medidas de eficiência energética na indústria e incorporação de energia de fonte renovável e armazenamento de energia.
Com a Veolia podem sempre contar para analisar, discutir, co-construir, implementar e fazer prosperar os vossos desafios - é para isso que cá estamos, sempre inspirados neste nosso Propósito de contribuir para um futuro melhor e mais sustentável para as Indústrias, para as Pessoas e para o Planeta.
José Costa Pereira
Diretor Energia, Veolia Portugal
Já conhece o Sistema de Incentivos para a Descarbonização da Indústria?
Foi publicada a Portaria n.º 325-A/2021, de 29 de dezembro, que aprova o Regulamento do Sistema de Incentivos Descarbonização da Indústria.
Como surge este incentivo?
No âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) foi definido um conjunto de investimentos e reformas que deve contribuir para as seguintes dimensões: resiliência, transição climática e transição digital. Neste contexto, a Componente 11 — Descarbonização da Indústria, integrada na Dimensão Transição Climática, visa alavancar a descarbonização do setor industrial e empresarial e promover uma mudança de paradigma na utilização dos recursos, concretizando medidas do Plano Nacional Energia Clima 2030 (PNEC 2030) e contribuindo para acelerar a transição para uma economia neutra em carbono. Em particular, os investimentos PRR na descarbonização da indústria contribuem para as metas de redução das emissões de gases com efeito de estufa (45% a 55%) incorporação de energias renováveis no consumo bruto de energia final (47%), eficiência energética (35%) bem como a redução da intensidade energética e carbónica da indústria, assumidas por Portugal.
A quem se destina?
É aplicável às atividades económicas do setor da indústria, categorias B — Indústrias extrativas e C — Indústrias transformadoras, da Classificação portuguesa das atividades económicas, revisão 3. Os critérios de elegibilidade estão descritos no Artigo 7º.
E os apoios destinam-se a que tipologias de intervenção?
De 3 tipos:
a) processos e tecnologias de baixo carbono na indústria;
b) adoção de medidas de eficiência energética na indústria;
c) incorporação de energia de fonte renovável e armazenamento de energia.
Qual a forma de atribuição dos incentivos?
Incentivo não reembolsável, sendo aplicáveis as taxas máximas de cofinanciamento sobre as despesas consideradas elegíveis, conforme definido no anexo I à referida Portaria, devendo as candidaturas ser submetidas através de formulário eletrónico, disponível no sítio do IAPMEI no âmbito de avisos de abertura de concurso.
Para subscrever as notificações dos avisos de candidatura clique aqui.
Roteiro para a descarbonização - uma visão integrada
Conceber e estabelecer uma estratégia de sustentabilidade é um exercício complexo e por isso, por vezes, parece mais simples tratar os diferentes recursos - água, energia e resíduos - de forma separada. No entanto, não raras vezes acontece que uma solução implementada para uma vertente da atividade pode gerar um impacto adverso noutra. Por exemplo, tratar um subproduto (um resíduo, um efluente,...) de forma a poder ser reintegrado na cadeia produtiva e dessa forma ser indutor de uma circularidade é algo que normalmente gera aumentos nos consumos energéticos. E nada pode ser mais frustrante para uma empresa que se quer posicionar na linha da frente da transformação ecológica perceber a meio do caminho que a estratégia seguida para uma das áreas impacta de forma menos positiva o atingir global das metas.
Uma abordagem integrada - resíduos, energia e água - pode nesse sentido ajudar a uma estratégia mais sustentada, potenciando sinergias e maximizando os resultados.
Na Veolia temos essa visão e ao longo dos anos e das diversas geografias onde estamos presentes fomos acumulando a experiência e as competências nas três áreas que nos permitem dar essa resposta integrada na construção de uma estratégia para a transformação ecológica do seu negócio: analisamos os sistemas inerentes às três áreas e propomos melhorias sempre com essa visão multifacetada.
O que podemos fazer por si?
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Avaliar o estado dos equipamentos e analisar consumos energéticos, de água e as várias fileiras de resíduos produzidos
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Com base nos dados levantados e outros existentes na sua empresa, definir soluções orientadas para a redução de consumos e otimização dos vários processos (energia, água e resíduos)
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Construir cenários para um roteiro integrado rumo à neutralidade carbónica e para a circularidade de recursos
Digital para a Eficiência Operacional e Energética
As ferramentas digitais podem ser grandes aliadas da gestão inteligente da informação para incremento da eficiência operacional, com expressão significativa ao nível da redução de consumos energéticos.
É o que permite a solução Hubgrade by Veolia, Centro de Monitorização Inteligente de Eficiência na utilização de Recursos, que alia a monitorização, em contínuo e remotamente, dos principais KPIs operacionais da instalação, definidos em conjunto com o cliente, com a competência dos analistas Veolia, que propõe planos de melhoria e eficiência operacional.
Em Portugal, a Veolia encontra-se neste momento a implementar um importante projeto de digitalização para a eficiência operacional e energética na indústria do setor dos alimentos e bebidas, um projeto com recurso ao Hubgrade que irá permitir a monitorização em permanência dos ativos, supervisionado por uma equipa de analistas e peritos na área de gestão de recursos por forma a otimizar os processos e consumos, bem como a deteção precoce de problema e anomalias.
Como é que a Veolia pode ajudar a sua empresa a ser mais eficiente?
Incorporação de energias renováveis e armazenamento de energia
Com projetos com mais de 20 anos, como a produção de energia a partir de resíduos ou mesmo a utilização da cogeração e trigeração, é longa a experiência da Veolia na conceção, implementação, operação e manutenção de projetos de produção de energia em ambiente industrial e municipal. Acompanhando os desígnios do combate às alterações climáticas e da neutralidade carbónica, estes projetos têm vindo a incorporar de forma crescente fontes de base renovável, como seja o solar fotovoltaico, a biomassa, a valorização do biogás resultante do tratamento das águas residuais, entre outras.
Captura de Carbono
E se fossemos capazes de absorver o CO2 presente nas emissões industriais antes mesmo de este se espalhar na atmosfera?
Este é o princípio inerente às tecnologias de captura de carbono e a razão pela qual poderemos ver este tipo de soluções cada vez mais presente no panorama industrial.
Apesar de hoje o CO2 capturado ser ainda principalmente armazenado em reservatórios geológicos subterrâneos, trata-se de um recurso cujo valor pode ser muito ampliado. Quando isolamos as moléculas de CO2 , através de solventes químicos, elas passam a poder ser utilizadas em variadas aplicações industriais, como sejam a produção de betão e cimento, bebidas gaseíficadas ou mesmo combustíveis de baixo carbono para o transporte aéreo ou marítimo de amanhã.