Edifícios Inteligentes, fontes de energia alternativas, eco-construção: como podem os edifícios tornar-se mais verdes?

Gestão inteligente dos consumos de energia, potenciar o valor da energia em ambiente urbano, vegetação e  biomimética…São diversas as iniciativas que podem ser levadas a cabo para descarbonizar o setor da construção e que trazem consigo um novo conceito de energia com a digitalização e a descentralização em primeiro plano.

 

O uso regrado da energia não tem sido o ponto forte do setor da construção.  Os edifícios são responsáveis por quase 30% do consumo de energia final em Portugal e reduzi-lo representa um desafio ambicioso.

Porquê? Desde logo é esperado um significativo aumento na procura de energia nas próximas décadas, que à escala global é estimado em +30%  em 2040. Com invernos e verões cada vez mais rigorosos ( previsões de especialistas em clima apontam para que em 2050 possamos ter cidades europeias a atingir os 50°C)  as soluções de ar condicionado serão foco de reflexão no que aos consumos energéticos dizem respeito. O número de equipamentos de ar condicionado poderá subir de 1,6 mil milhões para 5,6 mil milhões em 2050.

Como poderemos então produzir toda a energia que o mundo vai precisar sem comprometer a preservação dos recursos naturais e o combate às alterações climáticas? É urgente construir um mundo onde a energia seja descarbonizada, descentralizada e digitalizada.


Mas como arrefecer edifícios sem aquecer o planeta?

O principal desafio é produzir um frio "virtuoso" sem recurso a ar condicionado individual tanto quanto possível.  Consiste em criar uma atmosfera arrefecida numa abordagem de vizinhança ou de cidade, em detrimento da lógica de edifício.  As redes de frio - que partilham a produção e consumo de energia numa escala de bairro - são já hoje uma realidade. Em França existem cerca de 20 e para além de democratizarem o acesso à climatização (frio/calor) são alimentadas por fontes de energia renováveis ou alternativas: geotérmicas, biomassa, cogeração, energia libertada das águas residuais, etc. 

“Face às alterações climática, o desafio da climatização urbana é um projeto de longo-prazo, que necessita de sinergias entre edifícios e vizinhos e do desenvolvimento de soluções ainda pouco exploradas", afirma Pierre-Antoine Picard, diretor de projetos de energia da Veolia em França. 

→ Descarbonizar energia

1- Soluções de eficiência energética podem ajudar-nos a reduzir as emissões de CO2 em 40% até 2040. 

2- Produção de energia sem emissões de CO2 : solar, eólica, e energia produzida a partir de resíduos.

3- Captura de CO2 para mitigar as emissões geradas pelos combustíveis fósseis. 

→ Descentralizar e digitalizar energia

Produzidas de uma forma difusa e descentralizada as energias renováveis geram uma disrupção no sistema energético tradicional, em particular nas redes elétricas. Por serem mais intermitentes e representarem uma dispersão de produtores (regionais, locais, central, empresas, individuais, etc.) a sua gestão é mais complexa.  Daí decorre o desenvolvimento das Smart grids, integrando o armazenamento de energia e tecnologias de informação e comunicação para uma gestão mais precisa e flexível, ao mesmo tempo que otimizam o balanço entre produção, distribuição e consumo.

Edifícios inteligentes

Nos edifícios do futuro a energia que utilizam será cada vez mais digitalizada. Na Veolia, poupar energia significa “edifício inteligente” ou edifícios conetados. E para isso temos o nosso centro de supervisão, conhecido por Hubgrade, que permite aos nossos clientes (serviços públicos, edifícios de escritórios e de comércio, universidades, hospitais,...) acompanhar os seus consumos energéticos em tempo real.  O objetivo é otimizar a performance energética, por exemplo, determinando a melhor altura para ativar a instalação (aquecimento, iluminação,...) sem comprometer o conforto dos seus utilizadores garantindo aos nossos clientes poupanças significativas na sua fatura energética.

O Hubgrade permite analisar consumos por atividades ou mesmo por equipamento, facilitando a deteção rápida de anomalias de consumo ou operação, que de outra forma poderiam demorar dias a serem detetadas. Em média, a plataforma permite reduzir uma fatura energética em cerca de 15%. 

Os telhados verdes permitem um isolamento natural que gera uma redução de consumos energéticos na ordem dos 10% a 15%

Isolamento inspirado na Natureza

Claro que melhorar a performance energética só faz realmente a diferença quando um edifício está bem isolado.  A erradicação de perdas térmicas, ainda muito presente no nosso edificado, é essencial e não faltam soluções inovadoras e ecológicas no setor. As coberturas verdes, por exemplo, garantem um isolamento natural que favorece uma redução de consumos na ordem dos 10% a 15%, ao mesmo tempo que absorvem o CO2 presente na atmosfera através da fotossíntese.  Através de soluções BIM (Building Information Modeling) - tecnologia que modela e otimiza a construção em fase de projeto - é possível hoje calcular a pegada ambiental e a performance energética de um edifício antes da fase de obra.  

Há ainda os que sonham com uma arquitetura biomimética que possa reproduzir técnicas de regulação da ventilação e temperatura como as que se encontram num monte feito por térmitas (os chamados cupinzeiros).  Em Harare, no Zimbabue, o arquiteto Mick Pearce desenvolveu um edifício 90% autónomo de ar condicionado: pequenas aberturas para o exterior regulam a temperatura interior tal como os buracos num monte feito por térmitas fazem.

Todas estas possibilidade, que combinam tecnologia de ponta com soluções baseadas na natureza, são um sinal de que as cidades no futuro serão mais inteligentes e garantir o bem estar e a eco-responsabilidade.