No espaço de poucos meses, a União Europeia, a Coreia do Sul e o Canadá adotaram pactos verdes ambiciosos com o objetivo de reduzir as emissões de gases com efeito estufa e concretizar a transição das suas economias para a neutralidade carbónica.
Um Pacto Ecológico Europeu inclusivo
A 16 de dezembro de 2020, durante o seu primeiro discurso sobre o Estado da União, Ursula Von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, apresentou os seus objetivos climáticos aos membros do Parlamento Europeu: uma redução de pelo menos 55% nas emissões de gases com efeito estufa até 2030, em comparação com os níveis de 1990, para atingir a neutralidade carbónica até 2050. O plano de recuperação pós-Covid da UE tem um orçamento de 750 mil milhões de euros: 37% deste montante será atribuído ao Pacto Ecológico Europeu (o European Green Deal), e 30% do total será financiado através da emissão de obrigações verdes. A Lei Europeia do Clima entrou em vigor no verão de 2021, transformando uma declaração política numa obrigação legal.
O diploma traça as principais áreas onde é urgente agir: proteger ecossistemas; assegurar cadeias alimentares mais sustentáveis; supervisionar a descarbonização da energia, transportes, agricultura e construção. Descreve também a necessidade de edifícios renovados e termicamente eficientes, e a importância de desenvolver novas fontes de energia de zero carbono. Apela ainda à eliminação mais rápida e eficiente da poluição.
Atingir a neutralidade carbónica em Portugal implica a redução de emissões de gases com efeito de estufa entre 85% e 90% até 2050 e a compensação das restantes emissões através do uso do solo e florestas, a alcançar através de uma trajetória de redução de emissões entre 45% e 55% até 2030, e entre 65% e 75% até 2040, em relação a 2005. Ver o Roteiro aqui.
Neutralidade carbónica: o foco da Coreia do Sul no hidrogénio e digital
À semelhança da União Europeia, a Coreia do Sul assumiu o compromisso com a neutralidade carbónica até 2050. O financiamento adicional de 30 mil milhões de euros, anunciados pelo governo em julho de 2020 como um suplemento ao Green New Deal inicial de 5 anos (113,6 mil milhões de euros - 160.000 mil milhões de won), deverão ajudar a alcançar este objetivo, aumentando a quota das energias verdes no mix energético do país de 20% em 2030 para 30-35% em 2040.
A longo prazo, a Coreia do Sul procura apoiar o desenvolvimento de uma economia baseada no hidrogénio, com o objetivo de produzir 500.000 veículos movidos a hidrogénio para os mercados de exportação e doméstico até 2030. O Presidente Moon Jae-in também quer supervisionar uma economia digital em expansão até 2025, com a criação de 567.000 postos de trabalho em indústrias de elevado valor acrescentado.
No Canadá, um longo caminho para um Green New Deal
Mais de uma década depois da primeira proposta para um Novo Pacto Ecológico Global (Global Green New Deal), o Canadá anunciou o seu Pacto para um Green New Deal em maio de 2019. O Pacto veio reforçar o compromisso com o cumprimento do limite nas emissões de gases com efeito estufa segundo o Acordo de Paris. Isto é:
- redução das emissões de gases com efeito estufa em 30% em relação a níveis de 2005 até 2030, para alcançar a neutralidade carbónica até 2050.
- transição para energia 100% renovável, eliminar toda a extração e utilização de areias asfálticas e reduzir as emissões nacionais de gases com efeito estufa em 50% até 2030.
Estima-se que estas medidas venham a criar mais de um milhão de postos de trabalho
Atingirmos a neutralidade carbónica é um objetivo global fixado na agenda política internacional desde o Acordo de Paris em 2015 e que exige a colaboração entre governos, setor privado e comunidades.
A Veolia está entre os principais atores do setor privado envolvidos neste processo e comprometidos com a emergência climática, em linha com a sua missão Resourcing the World.