Esta é uma viagem no tempo em busca do primeiro "R"...o de Reduzir!
Viajar ao passado para rumar ao futuro!
Será que se pode encontrar no passado inspiração para as soluções do futuro?
Ao viajar até ao passado, depara-se com uma realidade de vida difícil e um país muito pouco desenvolvido. Tal como diz o ditado popular, “a necessidade aguça o engenho” e simplesmente não era possível as pessoas se darem ao "luxo" de desperdiçar nada.
Se estava avariado, então era para reparar, a roupa sem conserto virava panos de limpeza, os restos de comida iam para os animais ou devolvia-se à terra.
Hoje em dia, inegavelmente, vive-se com mais qualidade de vida, no entanto é necessário urgentemente adotar práticas mais sustentáveis, para não comprometer definitivamente o futuro das próximas gerações.
Em tempos idos, para se ter em água em casa ia-se à fonte com a bilha de barro, também chamado por alguns de cântaro. Também as cabaças (tipo de abóbora) eram muitas vezes aproveitadas como cantil, para assim ser possível transportar a água para qualquer lado.
A descoberta do plástico, permitiu colocar ao dispor da sociedade soluções úteis e facilitadoras dos estilos de vida modernos, como produzir água em garrafas individuais, fáceis de transportar. No entanto também tão fáceis de descartar, que exigi a cada um responsabilidade no seu uso de vida.
À semelhança da garrafa de água, produz-se inúmeros outros resíduos que outrora não viravam "lixo" e hoje em dia causam inúmeros desafios, como o limite de capacidade dos aterros sanitários, as deposições indevidas e a acumulação nos oceanos.
Quantos anos demora uma garrafa de plástico a se decompor?
Uma garrafa de água, dependendo também do seu tamanho, pode demorar entre 450 a 600 anos a decompor-se. Os oceanos estão cheios desse plástico, em que uma parte considerável vem dos meios urbanos e chega lá através do vento, da chuva e das águas residuais e pluviais.
O que são microplásticos?
São partículas de plástico com uma dimensão inferior a 5 milímetros, ou seja inferior a um grão de arroz. Existem dois tipos de microplásticos:
- Primários - Fabricados propositadamente como pequenas partículas e que são usados como matéria prima em vários produtos e que acabam libertados diretamente para o ambiente. (roupa sintética, produtos de higiene pessoal e cosmética, produtos de limpeza, produtos industriais, entre outros)
- Secundários - provenientes da degradação/fragmentação de objetos de plástico maiores (maior parte dos microplásticos encontrados nos oceanos)
Em 2017 a ONU divilgou que já existiam 51 biliões de partículas microplásticas nos oceanos, 500 vezes mais do que a quantidade de estrelas na nossa galáxia, sendo uma grande ameaça para a vida marinha e para a nossa saúde. Estes plásticos podem ser ingeridos pelos animais e por sua vez, através da cadeia alimentar, acabam por ser ingeridos também pelos humanos. Mas dada a sua dimensão e peso, estes acabam por estar um pouco por todo o lado e não é só através da alimentação que pode ocorrer a sua ingestão, pelo que já foi encontrado microplásticos na água que se bebe e no ar que se respira.
Existem ilhas de plástico?
Sim! Não são ilhas que dê para viver ou sequer caminhar nelas, nem são propriamente visíveis ao longe nem por satélite, mas são zonas dos oceanos onde existe grande concentração de lixo marinho a flutuar, sendo praticamente na sua totalidade plásticos e sobretudo de pequenas dimensões.
Existem 5 ilhas de plástico, situadas nas zonas dos giros oceânicos. A Grande Mancha de Lixo do Pacífico é a mais conhecida e já é mais de 17 vezes superior ao tamanho de Portugal. São milhões de toneladas de plástico flutuante, entre eles garrafas, tampas, fitas de embalagens, recipientes entre outros pedaços.
O plástico presente nos oceanos vai muito para lá do que se concentra nas ilhas de plástico. Por ano estão a chegar aos oceanos 4,8 a 12,7 milhões de toneladas e já há mais de 150 milhões de toneladas de plástico espalhadas por todos os oceanos.
Aproveitar as sobras de comida e da limpeza de jardim para voltar a devolver à terra é uma prática ancestral. Ao monte de resíduos orgânicos que se fazia no quintal das casas, o mais comum era chamar simplesmente de "pilha" ou até de estrumeira.
Através do conhecimento adquirido com a experiência de várias gerações, foi possível otimizar este processo biológico de transformação da matéria orgânica em composto. À reciclagem dos biorresíduos designa-se de compostagem.
Estima-se que cada português desperdice por ano mais de 180 kg de comida, que na sua maioria, nem para reciclagem vai. Os biorresíduos ou resíduos orgânicos representam mesmo a maior quantidade de resíduos que se produz, cerca de 40%.
O que são os biorresíduos?
Os biorresíduos são os resíduos biodegradáveis/orgânicos de jardins e parques, os resíduos alimentares e de cozinha das habitações, dos escritórios, dos restaurantes, dos grossistas, das cantinas, das unidades de catering e retalho e os resíduos similares das unidades de transformação de alimentos.
Estes resíduos quando são corretamente separados podem ser também reciclados, através da compostagem. A sua valorização ocorre através de um processo biológico, de reciclagem da matéria orgânica, realizado pelos microrganismos, como por exemplo as minhocas.
Esta pode ocorrer também por digestão anaeróbia, processo de fermentação semelhante mas sem a presença de oxigénio. Este processo cria as condições adequadas para a libertação de diversos gases, a que se chama de biogás, sendo este capturado e utilizado para produção de energia elétrica.
Da sua reciclagem resulta a produção de composto, um fertilizante/adubo natural capaz de enriquecer os nossos solos. Solos de onde virão depois muitos dos produtos que vão voltar às nossas cozinhas!
Já existe ecoponto para os biorresíduos?
Depende dos locais, mas em muitos sítios já é possível ver o contentor castanho nas ruas das cidades.
Em cumprimento com O Regime Geral de Gestão de Resíduos, diversos municípios providenciaram um sistema de recolha seletiva e transporte dos biorresíduos, de forma a poderem ser valorizados numa central de tratamento dedicada, tendo em vista a sua transformação em composto e energia.
Aveiro foi um dos exemplos que optou por, numa primeira fase, iniciar este serviço no canal HORECA (hotéis, restaurantes, cafetarias,...), estando a recolha doméstica em zonas urbanas prevista para a segunda fase do projeto.
Em todo o caso, especialmente para quem tem um pequeno quintal, é possível desde já adotar o método da compostagem doméstica.
Porque é que os biorresíduos são tão importantes?
Tal como referido anteriormente, os biorresíduos representam perto de 40% da totalidade de resíduos urbanos produzidos. O desperdício alimentar é uma das principais causas para a produção excessiva de biorresíduos e que tem um enorme impacto económico, social e ambiental.
Se o desperdício alimentar fosse um país, seria o terceiro país do mundo com mais emissões de gases com efeito de estufa. Ao deitar fora restos de alimentos, simultaneamente está a desperdiçar igualmente outros recursos, como água e energia, usados para a sua produção e confecção.
A redução do desperdício alimentar, bem como a reciclagem dos resíduos orgânicos, tem um enorme impacto para o ambiente e a nossa qualidade de vida, nomeadamente através da reduz as emissões gasosas para atmosfera, contribuindo para melhor qualidade do ar, e também contribui para a melhoria da qualidade dos solos e da água, por uso do composto em vez de fertilizantes químicos.
Nada se perde, tudo se transforma...a reutilização era um espírito que imperava antigamente. Os trapos de roupa, tanto viravam panos, como bonecas e até bolas de futebol. E com uns restos de madeira e mais um ou outro lixo, criava-se os carrinhos de rolamentos.
Felizmente nos dias de hoje é mais fácil adquirir roupas, livros, brinquedos, entre muitas outras coisas. Foi se perdendo, no entanto, o hábito de reutilização e agora muitas vezes descarta-se sem partilhar com outros, tentar reparar ou dar uma nova vida.
Cada vez que se compra algo novo, existe uma quantidade de resíduos "invisíveis" que são produzidos, mas que não chegam a nossa casa. Mas também no descarte do que já não se quer, existe um impacto na pegada carbónica. Inúmeras vezes os resíduos são colocado em locais errados, não sendo possível a sua reutilização ou reciclagem.
O que são os resíduos "invisíveis"?
Os resíduos "invisíveis" são todos os resíduos resultantes da produção e do transporte até às superfícies comerciais, que o consumidor nunca chega a ver.
Ainda sem saber bem o que são? Nada como dar alguns exemplos:
- Para produzir um par de calças são gerados 25 quilos de resíduos e libertam-se 6,3 quilos de CO2;
- O fabrico de um smartphone de 200 gramas produz 86 quilos de resíduos e é responsável pela emissão de 110 quilos de CO2;
- Já um computador portátil equivale a 1200 quilos de resíduos invisíveis e a emissão de 210 quilos de CO2 para a atmosfera.
Os resíduos podem ser "invisíveis" ao consumidor e apesar de não chegar a sua casa, pesa na mesma na sua pegada de carbono.
O que é a Pegada de Carbono?
É um conceito utilizado para quantificar o impacto que uma pessoa, atividade ou de um país, na poluição atmosférica, através das emissões de efeitos de gases de estufa. Quanto maior for a nossa pegada, mais estamos a poluir.
Qualquer das nossas atividades diárias...comer, fazer compras, brincar, usar tecnologias, ir para algum lado, entre outras, produz emissões de gases de efeito de estufa. No entanto existe sempre escolhas que podemos fazer para ter menor impacto e contribuir para reduzir a pegada de carbono.
Podem calcular aqui a vossa pegada de carbono.
E o futuro?
O futuro está nas mãos de todos! Mudar ou não é uma escolha que todos têm de fazer, sendo certo que se nada mudar, em 2050 haverá tanto ou mais plástico do que peixes nos oceanos.
É este o futuro que querem viver?
Nesta viagem no tempo é possível verificar uma mudança de hábitos, no entanto com a adoção de novas rotinas, houve um aumento significativo da produção de resíduos, sem que se tivesse a perfeita noção disso e das suas consequências. Desde 1995 até 2022, num curto espaço temporal, a média de produção de resíduos anual em Portugal aumentou 155 kg por habitante, tendo já atingido os 507 kg/hab.ano.
Para que as gerações vindouras possam também usufruir da melhor forma deste planeta, a palavra chave é só uma...Reduzir.
Aproveitar a aprendizagem dos antepassados para aliar à inovação é um passo importante para encontrar as soluções para um futuro melhor e mais promissor.
Queres partilhar a tua visão do futuro?
Antes de iniciares a viagem ao futuro, é importante que faças uma viagem ao passado. Fala com a família, especialmente com os familiares de mais idade, para saber melhor como é que eles viviam antigamente e como é que era possível produzir tão poucos resíduos.
Já com esse conhecimento do passado, partilha então como é que será o futuro...será possível reduzir a produção de resíduos!? Como?
O trabalho pode ser realizado em forma de desenho, texto (rima ou conto) ou vídeo (duração máxima de 5 minutos) e depois é só partilhar para [email protected].
Reduzir, Reutilizar, Reciclar
Optar por objetos reutilizáveis em vez de objetos de uso único. Em algumas situações é possível adotar soluções resíduos zero, como por exemplo:
Utilizar um cantil e encher com água da torneira;
Levar sacos reutilizáveis para as compras, em especial para frutas, legumes e padaria;
Usar guardanapos de pano;
Procurar escolher produtos que gerem menos resíduos e de materiais que tenham um impacto negativo menor no ambiente e que sejam recicláveis, como por exemplo:
Priorizar produtos frescos do que produtos embalados. O ambiente agradece e a saúde também;
Escolher produtos que durem mais tempo (menor consumo, menos produção de resíduos);
Optar por embalagens únicas e de maior dimensão do que produtos com várias embalagens individuais;
Dar preferência à reutilização e reparação, ao invés de comprar novo e descartar, como por exemplo:
Preservar bem os materiais para que possam ter um tempo de vida útil mais alargado;
Está avariado? Procurar reparar antes de comprar novo. Existem oficinas de reparação (repair café) onde é possível reparar sem custos ou com custos reduzidos;
Já não necessita e está bom? Dar alguém que precisa ou participar em mercados de trocas e trocar por algo que necessita;
Saiba mais sobre os eventos do Ecocentro Aveiro
O Ecocentro Municipal de Aveiro organiza diversas atividades para a promoção de um estilo de vida mais sustentável, tais como mercados de trocas (mensalmente) e repair cafés (bimestral).
Fique a conhecer a agenda do Ecocentro e como funcionam estes eventos.
Sempre que não for possível prevenir a produção de um resíduo ou o reutilizar, depositar nos locais adequados e de forma correta, para que não se tornem lixo marinho. A maior parte dos resíduos podem ser reciclados ou valorizados. Exemplos para correta gestão dos seus resíduos:
Separar os resíduos e colocar nos contentores correspondentes (ecopontos e contentor indiferenciado);
Fazer compostagem dos resíduos orgânicos ou separar caso exista contentor para o efeito;
Monstros, resíduos elétricos e eletrónicos, verdes , pneus, entre outros tipos de resíduos mais pontuais, levar a um ecocentro ou procurar saber como proceder à sua deposição;
Saiba mais sobre o Ecocentro Municipal de Aveiro
O Ecocentro destina-se aos utilizadores domésticos residentes no município de Aveiro ou utilizadores não domésticos sediados no Município, desde que produzam menos de 1100 litros de resíduos por dia. Fique a conhecer que resíduos pode aqui depositar, o horário de funcionamento entre outras informações.
Saiba mais sobre a recolha de monos e verdes em Aveiro
São resíduos volumosos? São resíduos verdes? Nós vamos buscar.
Fique a saber como funciona e como solicitar o serviço gratuito de recolha dos resíduos volumosos (monstros ou monos) e dos resíduos verdes no município de Aveiro.
https://www.veolia.pt/sao-verdes-ou-volumosos-nos-vamos-buscar
"Viagem no Tempo: À procura do 1º R" é o projeto de educação ambiental desenhado pela Veolia e pelo Município de Aveiro, incluído no PAEMA 2023/2024, dirigido às turmas do 1º ciclo.